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Primeiras motos do mundo a rodar na Antártida
Recentemente acompanhávamos as notícias da reinauguração da base brasileira na Antártida quando nos veio uma vaga lembrança de uma história: uma moto nacional teria rodado ali, naquele continente gelado, em condições absolutamente inóspitas, ainda nos anos 80. Será?
Depois de uma boa e demorada consulta ao acervo do MIAU, o Museu da Imprensa Automotiva, encontramos os registros. Em realidade foram duas Honda, e não apenas uma, as responsáveis pela façanha – aquela foi a primeira vez em que motocicletas circularam na Antártida.
As pesquisas brasileiras no continente gelado começaram em 1982, e nas duas primeiras expedições pela Ilha Rei George os pesquisadores sentiram dificuldade nos deslocamentos durante os processos de recolher amostras e mapear a área.
Sentiam a falta de um veículo leve, ágil e, é claro, capaz de suportar as condições dramáticas de temperatura e rodagem. Então pensaram: que tal uma moto?
O desafio foi oferecido à Honda, que topou a empreitada. Duas XL 125 S 0 KM fabricadas na tórrida Manaus, AM, foram escaladas.
Para suportar as condições previstas alguns pequenos ajustes foram necessários, e o primeiro passava pelo combustível: como as motos ficariam expostas às (ainda mais) baixas temperatura durante a noite, pois não haveria lugar para guardá-las na base, nossa gasolina não servia. Já tinha mistura de álcool, o que dificultaria a partida, a pedal, pela manhã.
Foi providenciada então gasolina pura e realizados ajustes no carburador para seu uso. As duas XL ganharam também óleo especial para lidar com temperaturas abaixo de zero e pneus Pirelli Cross. Nada além disso: de resto, tudo original de fábrica.
As motos partiram junto com a terceira expedição, em novembro de 1984, embarcadas no navio de apoio oceanográfico Barão de Teffé.
Chegando à Antártida não tiveram vida fácil: rodaram durante um mês cerca de 600 quilômetros cada, enfrentando temperaturas de até dois graus negativos, ventos de 70 km/h, neve, cascalho e riachos com pedras lisas no fundo. Na maior parte do tempo rodaram com piloto, garupa e alguns quilos extras de amostras.
No retorno as motos foram avaliadas pela fabricante, que não encontrou sinais de desgaste prematuro ou ferrugem. Segunda a Honda, na época, “fora alguns pinguins assustados a missão foi um sucesso”.
Depois, em 1985, a montadora publicou peças publicitárias enobrecendo o feito e igualmente partiu para uma linguagem muito bem-humorada.
Fonte: Revista Auto Esporte